Primeiro
veio a menina, nascida de um ventre materno mas que já estava fadada a se
tornar serva e escrava de Odisseu.
Desde
criança, mesmo sem saber, já vinha sendo guiada a encontrar aquele que iria por
os grilhões em seus pulsos e tornozelos e a coleira em seu pescoço.
Encontraram-se
por acaso (ou não), e começaram um relacionamento dentro daquilo que propunha
esse encontro escrito há tempos no Universo. Porém, por vários motivos, até
mesmo do amadurecimento de ambos o “relacionamento” não continuou, ficando
apenas um relacionamento dito “normal” pela sociedade.
A
semente estava plantada, estava geminando no interior daquela que se entregaria
de corpo, alma e vida nas “mãos sagradas” do seu Mestre e Senhor. Passaram-se
anos sem que tocassem no assunto. A vontade de da “mulher” crescia sem que ela
própria desse conta da transformação que acontecia dentro do seu corpo, da sua
vida.
As
Leis do Universo agiam e traziam-na cada vez mais perto do destino que fora
traçado desde sempre. Seu corpo se agitava e sabia que tinha nascido não para
ser livre, mas para ser escrava. O que estava faltando era apenas tomar
consciência do seu destino, tudo já estava preparado, pronto para receber esta
vida que deixaria de ser “própria” para pertencer.
Num
dado momento, depois de passar pelo amadurecimento necessário, como uma lagarta
que vai se transformando dentro de um casulo em uma linda borboleta, a mulher
percebeu que não mais queria existir. Precisava sair do casulo e entregar sua
liberdade ao mundo do seu Dono. Passar a ser sua, a não ser mais dela própria e
a deixar voar pela “liberdade da escravidão”. O ser humano/mulher viu a extrema
necessidade de se tornar “objeto”, “coisa”, para a qual havia sido concebida e
se entregar definitivamente ao seu “único” destino para que pudesse se realizar
e ser plenamente feliz.
Então,
no dia 24 de fevereiro desse ano, nasceu Penélope. A “mulher” estava morrendo
numa velocidade maior e a escrava estava vindo tomar seu lugar. Um lugar que já
era seu há muito tempo.
Hoje,
a “mulher” já está fraca e o que existe em seu lugar é uma escrava forte,
ciente da sua missão e para que veio. Ciente da sua vida e o que tem que fazer
nela, pois sua vida não lhe pertence mais.
Apesar
de a data oficial ser a citada, o nascimento de Penélope se deu há bem mais
tempo. Tempo esse que nem ela e nem eu, seu Dono e Senhor, sabe precisar.
Hoje,
existe somente {penélope} para Odisseu e Odisseu para sua {penélope}.
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