Sempre me
intriguei ao ver associações querendo nos fazer acreditar que o tempo é algo
decadente, deprimente e indesejado. Fico triste em pensar que esta lógica
capitalista tenha feito muitas pessoas acreditarem nisto, sem atentarem com a
“bagagem” que este mesmo tempo traz que é impagável!
Não há creme milagroso nem método revolucionário que boicote as
marcas que chegarão (e feliz de nós se tiver a oportunidade de vê-las
chegando)! Não estou aqui levantando a bandeira da negligência nos cuidados com
o corpo até mesmo porque também gosto de alguns produtos “ultra/mega/power”
como prometem por aí, só não dou conta de acreditar que sem eles estou fadada à
decadência ou que a existência seja condição para a felicidade!
Falo isto pelo fato de que não troco minha bagagem adquirida com
os meus “enta” pelo que querem: seja a ninfetinha que se troca por duas de 20,
ou a executiva que cuida dos filhos, marido, casa e ainda tem que ser melhor
profissional ou até aquelas senhoras lindas dos creme antissinais que nos fazem
acreditar que só pertenceremos ao “clube” se assim formos, sem esquecermos que
independente da faixa, a regra é estar malhada, trepar no lustre e conhecer
cada posição do Kama Sutra, obviamente sem ter celulite ou estrias, além dos
cabelos que precisam ser lisos, porque mesmo vivendo em um país
miscigenado, se não for assim será chamado de “cabelo ruim” (o que é ser bom? é
bom para quem?), mas acalmem os corações, porque o mercado também tem a
“solução”: muuuuuitos cremes, promessas milagrosas e chapinha para os
“sararás”!
Nem de longe pensem que estou a desdenhar nenhuma delas porque
mesmo entendendo a sacanagem, ainda referenciamos neste modelo que a mídia a
todo tempo impõe e nos provoca a reproduzir, mas novamente identificamos que
são exigências de um mercado que nos suga e exige até o último suor para sermos
“à imagem e semelhança” desta supermulher que só dá certo na plenitude neste
mundo!
Fazer o gancho desta viagem com o BDSM é respondido quando vamos
verificar o que consta nesta “bagagem” e em meu caso, foi necessário adquiri-la
para ter a segurança entrar neste universo de forma segura, crítica e sobretudo
feliz!
Admiro quem tenha dado conta de entrar antes e fico triste com
meu “tempo perdido”, mas não só ganhamos bagagem e o que temos que desfazer às
vezes demora, porque viemos de um processo em que a sociedade incute valores
conservadores que ficam arraigados, e desfazer exige mudança que não é tão
simples quanto desejamos, por ser processual!
Diante desta situação, me vejo cada dia mais entregue, pois hoje
sei que posso submeter a alguém sem perder a minha essência, me permito a
entrega sabendo dos ganhos que terei, vivo a dor pelo fato de que o que ela me
proporciona vão muito além do que está posto, exponho meu corpo da forma que
ele é sem preocupar com se atende aos pré-requisitos, obedeço às ordens
desejando a entrega, me jogo sabendo que existe um “c” chamado consensual que
vem acompanhado de uma norma que também é sã e segura, fazendo com que eu possa
viver a relação com permissões não convencionais, mas que satisfazem meu desejo
e de meu Dono, pois nos permite descobertas e conquistas que nos
preenche e realiza!
Com isto, vejo a escrava desenvolvendo cada vez
mais, percebo que de fato ela ocupa o lugar que antes era meu, mas também
percebo que faço um movimento de não permitir mais que “eu volte”, por gostar
de ser esta “nova pessoa”, pelas contribuições que ela traz para minha vida e o
quanto é prazeroso pertencer ao meu Senhor!
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